AMOR COMPLETO
Velei teu corpo, minha casa
no outono e no inverno e
enquanto insistia primavera
vestia de espera o meu amor.
Inevitável chega o verão
e, despido sem pudor,
diz adeus quem amei.
Revejo a mim perdido e quase mudo
e ainda cego. Nos olhos meus
que a ti vestiram um dia
só tinta em poucas palavras limpas.
.
E a ninguém cabe culpa:
que é do verão a natureza
despir a alma mais de uma vez
tida.
O amor grande e verdadeiro sabe tudo e nada tem
- não teme a sorte e faz o mundo pequeno.
Do amor sabe nada meu amor:
longe vai, longe leva e longe faz.
Porque o amor é completo só quando chega
e abarca o inteiro do quando acaba.