AMOR COMPLETO

Velei teu corpo, minha casa

no outono e no inverno e

enquanto insistia primavera

vestia de espera o meu amor.

Inevitável chega o verão

e, despido sem pudor,

diz adeus quem amei.

Revejo a mim perdido e quase mudo

e ainda cego. Nos olhos meus

que a ti vestiram um dia

só tinta em poucas palavras limpas.

.

E a ninguém cabe culpa:

que é do verão a natureza

despir a alma mais de uma vez

tida.

O amor grande e verdadeiro sabe tudo e nada tem

- não teme a sorte e faz o mundo pequeno.

Do amor sabe nada meu amor:

longe vai, longe leva e longe faz.

Porque o amor é completo só quando chega

e abarca o inteiro do quando acaba.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 30/07/2013
Reeditado em 24/08/2013
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