Noite anunciada
O dia que se anuncia
pelos reflexos da madrugada
revela-me a face enrugada
como o corpo que carrego
Faço-me de louca
fugindo dos silêncios
Finjo-me de surda
Fugindo dos gritos
Dos gritos estridentes
da paixão escondida,
perdida entre paixões esquecidas
que se refugiam em mim
Faço-me de louca,
levanto os braços
sem suplicar,
e abraço o infinito
A razão tolhe-me,
afasta-me da compreensão
do infinito, do universo
que já não faz sentido
Morre com a claridade do dia
a noite anunciada.
Estremece a paixão no silêncio
denunciando as cinzas que restaram.