CARONA
Quanto mais a estrada avança
permaneço no acostamento
esperando a carona que não vem
Quanto mais a manhã acende peixes
e os segredos nas águas seguem
p'ra nunca mais,
minha noite é o galho seco da escuridão
Eu não tenho medo porque conheço
a face rude que mora dentro de mim,
esqueci da fome por causa da árvore
que embriaga a alma quanto maiores
as raízes do passado por fim
O chapéu esconde planos
que não batem com a sombra,
e se colho na maçã auroras
qu'o tempo iludiu,
é que a última andança na ponte
revela: dois lados se juntam
quando necessário
pôr termo ao mundo