Poesia dialogal
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<< Assusta-me sua obsessão.
Não deveria pensar em mim tanto assim. >>
Temos pontos comuns,
em relação a alguns aspectos;
outros, são diametralmente opostos.
<< Os pontos comuns que observei foram:
o gosto pela leitura,
a sensibilidade... >>
O gosto pelo beijo seria comum?
<< Estou falando sério! >>
Pretendo que outros viajem nas minhas divagações,
nos meus sonhos – você não passa de devaneio.
Sublimo tudo, projetando, em você, minhas inspirações.
Enclausurado, não me vejo, ainda, fora da plebe.
<< Tolo e dramático – como isso me faz bem! >>
Pena existirem tantos limites.
Sem eles, faria e me desdobraria em muito mais...
<< E quando você acordar desse sonho? >>
No meu sonho, quando acordo,
estou nos seus braços,
sentadinho no colo,
e você me ninando... Arrepiei.
<< Você vive num mundo de fantasias.
Só lhe resta sonhar. >>
Na vida, o ideal não coincide com o real.
E quando nos declaramos somos loucos,
sonhadores...
Sairemos dessas divagações?
Sinto que estamos nos molhando,
até que nossas capas nos cubram.
Protegidos, apesar de sentirmos saudade,
voltaremos para a proteção do lar.
Sinto isso,
que represento o aparente vazio
decorrente de casual briga entre dois enamorados...
Quando reatarem os laços,
quando houver o consentimento para o novo toque,
eu, assim como as águas que correm pelos bueiros,
nada mais serei além da leve lembrança
do dia em que, ingenuamente,
embora correndo o risco de sair gripado,
permitimos que fôssemos banhados por inesperada chuva,
que nos molhou os corpos, agora enxutos,
num tedioso dia de enuviado anoitecer.
Buenos Aires, 15 de Julho de 2013.
14h58min
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