AMOR DE ROUXINOL
Ainda menino, alguém me contou
linda história, que falava do amor,
de um plebeu, que sorrindo, bem vivia
e do rouxinol, que feliz, seguia
vendo no jovem, um gesto de amor:
migalhas caídas, em seu favor...
Toda manhã, na janela ficava
comendo pão e as migalhas deixava,
displicentemente, cair no chão;
sem ter um motivo, nem a razão
porque o rouxinol tanto se esmerava
nos cantos de amor que sempre entoava...
Tal rouxinol sua fome matava,
em toda manhã, quando o sol raiava
e ficava ele, todo contente,
- mesmo solitário e muito carente -
via no jovem um enorme amigo:
o contrário, não teria sentido!
Um belo dia, ele se apaixonou...
Ah! por linda moça se enamorou...
Buscando saber se era verdade
ou então, se usava de falsidade,
querendo uma prova do seu amor,
a bela pediu-lhe, então, uma flor:
Rosa vermelha teria que ser...
Não era época! O que fazer?
Buscou aldeias e em outras cidades
a flor pedida... Seria maldade?
Pois nenhuma rosa ao jovem surgiu.
"Perdi meu amor", ele pressentiu...
Ao chegar em casa, amargurado,
a todos contou, bem desesperado:
"A vida não mais teria sentido,
pois seu coração estava ferido".
E o rouxinol ouviu com atenção...
Logo a seguir, buscou a solução:
Ao sintonizar com o Deus do Amor:
- seu amigo precisava da flor! -
Então, a sua vida, ele daria
pois, nada no mundo importaria.
Queria retribuir ao seu amigo
para a vida dele ter mais sentido...
Deus Eros ao rouxinol perguntou:
"Você daria a vida por amor?"
Este rouxinol, sequer hesitou:
Seu peito, no espinho, ele fincou.
E, quando transpassou de lado a lado,
bela flor surgiu do sangue jorrado!
Porém, ao amanhecer do outro dia,
o canto de amor, que falta fazia!...
E o jardineiro logo lhe falou
que lá no jardim, havia linda flor:
Rosa vermelha, de infinda beleza,
oriunda do amor, com tanta nobreza!
Aquele rapaz se realizou,
pois com sua amada ele se casou...
Mas não buscou a razão verdadeira
de como surgiu aquela roseira...
Já que o rouxinol doou sua vida
e agora é feliz, com sua querida.
Com amor, por amor, o rouxinol
deixou de cantar ao raiar do sol...
Sua vida ofertou, em prol do amor,
transformando-se numa bela flor.
Pois, seu amigo, ser feliz queria...
Ah!... Se preciso, outras vidas daria!...