Nascido no meu colo

Nascido no meu colo

Viver é escapar das lâminas usando as luvas

não tocar as coisas, sumir nas multidões.

Fugir dos ventos que trazem os cheiros,

colher as mares com as mãos.

Se o vento te enlaça transformando-te em cinzas,

as palavras são iguais, una os versos que habitamos.

A desilusão fez casa em sua alma?

Corra, persiga o sonho ... Tenha calma.

Eu aprendi a língua das lembranças,

sou minoria de jardim, de pedra e areia

ocaso de chuva delicada, e o sol me clareia,

vivo de eterna esperança, de minúcias,

uso a destreza para minorar, o amor que me incendeia.

A primeira vez que nos apartaram

eu endoideci a janela de tanto olhar a rua

num olhar vazio, mudo e estático,

não conseguia imaginar-me não ser mais sua.

Dias e dias me traziam a noite amarfanhada

sem querer escrever as frases que não vinham

a dor degolava as sílabas num sangue jorrante

as palavras rubras ao redor do produto acabado

deitado no papel, parido, no silêncio calado.

Lakshmi

(L.T.)

Laskhmi á Deusa
Enviado por Laskhmi á Deusa em 12/07/2013
Código do texto: T4383694
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