Tarde
Eu poderia jogar redes no ar
e esperar sua voz filtrar-se em mim!
Ouviria então,os murmúrios
da selva ocular do meu tempo
castigando a fraqueza
das têmporas maciças do meu dom!
Eu usaria as tintas a serviço dos vultos
a transformar suas linhas em versão do mundo!
Eu poderia iluminar com neon
os sentimentos que (im)portunam minhas palavras
sempre que um tempo é seu,
mas é tênue
a voz que faria do meu belo gesto
tarde demais.
Eu poderia te enlouquecer de dúvidas
com os enganos da nossa face,
e fazer do meu corpo
pedaço consciente
das pedras mundias que me descontrolam
Só para controlar!
eu poderia revistar suas células
e plantar indícios que me oriente.
Eu corromperia as horas,
os fatos e as flores
pra te fazer pensar nas águas
que enrubesceram minhas mãos gélidas
Mas eu fiz brincar com as notas
enquanto fazias ao mundo um ser
E classificam-se inousadas,
as lembranças belas
em interrompidas confissões eternas!
Que jamais vulgarizaria
a pieguice que me faz acordar
a esperança que finaliza a vida!