Havia eu, tu e o amor
Havia eu, tu e o amor
A tua sombra ficou em teu lugar a mesa,
as vezes sinto até o repuxar no edredom,
como fazias rindo baixinho da brincadeira,
e o silêncio transmuta-se pensativo no espelho,
mas a saudade, grita, doída, verdadeira.
O vento quente sonolento ondulante do calor
torna informe o azul das águas do mar
a ruptura do vermelho no horizonte
onde os ocasos acontecem nas frestas do tempo
o tempo grosso, emana luz, traz o fulgor.
Tu chegas, o meu amor não cabe, é maior que as palavras,
o meu amor rodeia o silêncio a inspirar loucuras de amar,
o meu amor não se sabe dizer ao aconchegar-se no texto
a página não o transmite, a combustão preenche os gestos
a voz rouca laboriosa na nudez de seu nome, ecoa no ar.
Lakshmi
(L.T.)