Corredeiras

Corredeiras

Nosso amor anda calmo

como esse mar sem ondas,

à espera de alguma agitação

que nem sei se virá.

Prefiro as corredeiras

lavando as pedras,

derrubando as ribanceiras,

rasgando os vales.

Prefiro o forte pulsar

de corpos em ebulição.

Caminhos de contramão

carregando sonhos.

Prisioneiros das horas,

contemplamos as águas que deslizam

pelas frestas da alma,

anunciando que ainda há vida.

Esse nosso amor aquático,

ainda submerso,

que não se deixa conter

mas que precisa da espera.

Enquanto a correnteza não vem,

só nos resta desfrutar

a paz desse lago

que nos abraça e nos abriga.