FAZ TEMPO

Faz tempo,

a minha poesia anda adormecida

em meu túmulo de horas vazias !

Nem infernos gritam em minha consciência,

nem paraísos se abrem em meus sonhos !

Vivo apenas,

a densidade do grosseiro mundo,

e a ausência do meu espírito...!

Então, que há p’ra escrever...

que há p’ra sentir de tão grave, bonito,

se o instante maior é aquele que sobrevoa,

as luzes do infinito !

Faz tempo,

os anjos não sopram em meus ouvidos,

nem intuem visões poetas,

trazendo-me à tona,

como se eu fosse pluma flutuante

perambulando entre ilusões

poéticas.

Faz tempo, estou navegando,

sem divisar novas ilhas...

Caminhando pesado entre as encruzilhadas,

derrubando meus olhos pelas esquinas...

forçando meu corpo

a estupidez do trajeto,

que minha alma repudia .

Faz tempo, não ouço o som do silêncio,

derramando a melodia

dos movimentos do universo,

em meus ouvidos indiscretos...

que roubam de lá, para o meu extasio,

um pouco da poesia,

que já nem sei transportar,

ao meu desejo poeta !

Faz tempo...!