ROSA & VAZIO

Somente a mente se esvanece no limbo

Candido sonho, doce martírio!

Lindo sonho que junto das flores lastimei

Em estéreis tempos em que o rei se fez rei

E o súdito quis ser só um bobo sem vez...

Trágica desgraça assolada em meus anos

E o dogma criado foi mal criado

Como sereno impróprio; sólido

Que nas noites de outubro cai, lavando o rubro sangue

[nas pétalas das rosas...

Cuja essência mais valiosa é uma dádiva impúbere!

Alcova sofrida das mesmas, movidas

A observação garantida dos exilados sombrios

Habitação dos soturnos, na soberba urna de pó!

Cinzas; ciclo da vida

Que mais uma vez acaba tragando a carne no cerne da terra

E seguimos como húmus, alimento das flores,

Dos cândidos amores, nos sonhos eternos...

Onde o pólem morto, cai em mim absorto

Causando-me o torvo sono sereno...

Durmo acordado, lavrado em loucos

Pensamentos tortos num mundo assombroso

E na rosa respiro o meu ar sofrido

Da flor mais bonita, colhida por ti

No tempo perdido; num simples caminho,

Suspirando o vazio do amor que senti!