INCENDEIA-ME
(Sócrates Di Lima)
Incendeia-me mulher,
Na lava que escorre dos seus pensamentos,
E na leveza que minha submissão quer,
Faz-me escravo dos seus sentimentos.
E assim...
Bebo da saudade de você,
De cada momento que ficou no ontem,
O hoje tudo faz acontecer,
Alma e corpo coniventes.
Belo da paixão lasciva,
De um gostar multiplicado,
Do amor em cadeira cativa,
No palco de nossos sonho realizado.
Bebo do cálice dos seus desejos,
Queimo-me no fogo ardente do corpo seu,
Na volúpia extrema que o corpo lampeja,
Libidinosa sede da boca que me bebeu.
Incendeia-me com o fogo dos eu bem querer,
Faz em chamas os meus braços,
Pois em fagulhas meu corpo extenua,
E da minha boca labaredas tende acender,
E queimar as vestes e fazer sua vontade nua.
Bebo no cântaro das suas vontades,
E dos ecos que assustam noturnos passarinhos,
Dobra-me em viril espasmos,
Da bebida insana do amor de nossos ninhos.
E quando as vozes sussurrantes do; ´Eu lhe amo,
No silêncio das noites embriagantes,
Sorvo do mel a sua boca,
Que faz minha alucinação louca,
Como o vicio do amor,
No ópio de uma flor,
Entrego-me sem pudor,
às sevicias extremas das vontades sanas.
Profanas...
Nas palavras invertebradas,
Que arrastam sobre a relva da minha imaginação,
E se derrama em cachoeira,
De todas as maneiras,
No mar da minha perdição.
Porquanto me perco em seus braços,
Contorço-me nos seus abraços,
E sem ar minha alma grita,
Satisfeita do amor perene,
Sirene aguda que grita na noite escura,
Como a cura,
Do intenso prazer de amar.
Incendeia-me...mulher!
Embriaga-me...mulher,
Dos teus risos,
Dos teus olhares,
Como desfolhando o paraíso,
Sem as vestes pudorais do amor que me tens.
E assim na pele morena,
Que cobre a nudez dos nossos sonhos,
Dos encontros noturnos e matinais,
Nossas saudades viscerais,
Faz-nos amantes do amor que nos faz risonhos.
Incendeia-me...sem pudor,
E eu a queimo,
Nas labaredas do fogo ardente desse amor.