ANA
A enfermeira não te mostrou a mim,
Não troquei tuas fraldas,
Nem te cobri de beijos.
Não te dei banho,
Nem ensinei a te lavar.
Não te levei à escola,
Nem ao circo.
Não te levei ao cinema,
Nem ao parque
Para brincar no tobogã.
Não te comprei bonecas,
Nem brinquei de casinha.
Não celebrei teus êxitos,
Nem lamentei teus fracassos.
Não vi teus seios despontarem,
Nem ouvi tua voz mudar.
Não te consolei
Das tuas decepções de amor.
Não choraste no meu peito,
Nem te aconselhei.
Não te amei como merecias.
Mas, agora,
que te tornaste a filha mulher,
De quem me orgulho.
A filha tardia
que sempre vou amar.
29/04/2005 – Porto Alegre.