Avesso

Viro-me ao avesso e vejo-me cru e podre. E com a alma decaída sigo caminhos tortuosos. Deito-me no peito do desespero e choro toda ausência possível. Meu nome é esquece. Não combino em meio a beleza e não me dou ao luxo de sonhar com tal. Deixo meu corpo usar-se, servir-se. Desconheço o prazer do outro em mim e enfim, sou sempre eu no fim de cada coisa não vivida. Me pego em prantos pelo que me entristece e pelo que me faz bem. Ambos parecem não me pertencerem pois as vezes estou tão vazio que não me sinto. E sinto tanto, por tantas coisas que me fazem chegar a esses versos. Deus me tece pelo avesso e isso é incontestável, o tecer não ultrapassa o meu avesso, a camada mais espessa do meu ser. E sou apenas aquilo que estar-se a tecer. O meu avesso !

AmorPoesia
Enviado por AmorPoesia em 25/06/2013
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