Seu sorriso e o vaga-lume
Quando o seu olhar me atraiu,
meu sabia que algo mais iria encontrar.
Faltava descobrir, abrir todas as portas e
os seus mistérios destrancar.
Com calma, sem pressa alguma,
apreciando sedento todas as formas e
estruturas de seu falar.
Com os anjos conversei, pois sua linguagem
só poderia vir do céu.
Prosa mansa envaidecida de amor,
invadindo todo a todo tempo os sentidos dos
pardais, e os fazendo cantar.
Aproximei-me, fui mais alto sem ter medo de cair.
Minha queda seria minha salvação, porque na certa,
cairia nos montes verdejantes de seus braços.
Enfim, seu olhar me moldou, arrancando as
vendas que provavelmente me fizeram entrar.
Quando as tais vendas caíram vi, então o seu sorrir.
Acima de qualquer aurora ou lua cheia.
Pouco de mim mostrei, porém tudo de ti
estava bem perto, bem aqui.
Ele coloriu o mar e a terra.
Encantou o centro da terra
remota e pintou o vento,
fazendo-o trocar de roupa.
Sorria, vamos em frente.
A relva nos chama, e lá plantamos tudo que queremos colher.
Faz-se o presente virar futuro e o passado perder a cor.
O dia virar de costas, aprisionando para sempre aquele momento.
O dissabor ficou doce, pois ao sorrir, favos de mel entorpeceram o mundo.
Anoitecemos juntos ali, no gramado de flores loucas.
As estrelas invadiram nossa fala, e o sorriso passou a ser parte do todo.
A lua assobiava sem ser percebida e as corujas estavam impactadas.
As estrelas e a lua foram dormir, mas o sorriso não parou de sorrir.
O breu tomou conta, porém sem trevas.
A noite, enfim anoiteceu. Um brilho vago vi de longe, e mais perto ele chegou.
Peguei-o na mão e o guardei.
O sorriso não tem fim;
Um vaga-lume dançava quase dentro de mim.
Só nós ali. E mais ninguém?
Seu sorriso e o vaga-lume.
Seu sorriso livre pra mim.
E o vaga-lume?
Bem, irei tirá-lo do bolso e deixá-lo mais livre ainda,
para iluminar toda a formosura do teu sorriso
e nunca mais sair dali.