Segredos...

Moça, canta silenciosamente teu verso

E embala teus sonhos

Enquanto escorre o rubro pranto...

Enquanto as vestes ainda se arrastam aos pés da cama

E nu, ele clama teu nome, duas vezes

Enquanto dos lábios aos lábios há o beijo

E dos segundos não se finda o tempo

Moça, dança, move e perfuma as cortinas, o cetim morno de Amor

Enquanto ele adormece num sonho qualquer

E, indelicadamente, deixa-te feliz, quente, debruçada sobre seu peito

Canta e dança e sonha

Que teu voo não seja mais ausente

Enquanto não tiveres mais aquele medo empalidecido

Da entrega, dos desejos menos sóbrios

Gira o quarto no teu ballet de palavras

Abrindo as asas qual borboleta branca

Dos céus à terra sucessivamente

Enquanto a noite cai, mais doce que o raiar do próximo dia

Moça, depois venha

Depois de ter deixado nas mãos dele a menina, a larva finda,

Eis majestosa a borboleta branca, volta Mulher para nossa casa.

Volta em caminho aspirando a brisa do Amor derradeiro

Já que em ti, outro não possa haver

Por mais desamor que ele te há guardado

Volta, após renascer.

Guarda numa caixa rosa os beijos e a saudade

A dúvida do amanhã

Do contínuo fluxo de Amor, deste faz-de-conta

Guarda, após chorar abraçada ao pó do tempo

Deste tempo desumano que não é capaz de retornar aos corpos

De dar a si mesmo mais tempo para a quase felicidade...

Mais tarde, moça...

Adormeça, em sonhos, em vida, em alma e melodias

Precipite os pensamentos ao vento e deixe-o levá-los todos

Para que a vida seja menos amarga e a morte mais doce

Para que a caixa de segredos seja selada por Deus

E só Seu muito Amor possa abri-la novamente!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 25/06/2013
Reeditado em 25/06/2013
Código do texto: T4357434
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