Cantiga de amor
Amigo, vancê num sabe
da grande pena q’eu sofro
desde q’eu a vi, pois quase
me fere meu peito e eu morro
daquês seus oiá de gato,
daqués frama de seus braço.
Seus dois braço tem as côre
do arco-íris tão bunito,
e seus ombro tem as f(u)lôre
dos jardim, o mais velido.
e aquês seus oiá de gato...?
e aqués frama de seus braço?
Mai tá sempre perparada
contra aquês maus cavalêro,
pois tem ũa garrucha armada
nim sua perna (e ai Deus, que chêro)
e aquês seus oiá de gato...
a aqués frama de seus braço...
Meu coração tá firido
sem tá firido meu peito.
Sua beleza me deu vício
e pur’ iss’ eu num m’ esqueço
daquês seus oiá de gato,
daqués frama de seus braço.