Imune
Fiz poesias impunemente.
Amei impunemente.
Amei inconscientemente.
Inconsequentemente.
Amei até o fundo do abismo.
A brisa gélida da neblina que
veste de véu a serra.
Cheguei ao pé da montanha
Soltei suspiros nostálgicos
E me arremessei ao infinito
Da minha imaginação.
Amei o evidente e o obscuro.
O inteligível e o enigmático.
Amei profundamente
Num mergulho raso em sua retina.
Vi em seus olhos o passado
Passando lentamente
Num flash que a memória não
conseguiu apagar.
Amei você.
E você sabe disso.
E quão isso é raro.
Vivemos o outono de nossas vidas.
E as memórias caem mortas
feito folhas
no chão da alma
em preto e branco.
A cor esmaecida acorda exatamente
ao entardecer,
sangrando com o calor fugidio
do sol.
E rever você é estar
sempre entardecendo
Mesmo que não haja
Mais novas manhãs.
Brincando com o calor residual
Dos corpos.
Dos olhos.
Do amor impune
e imune ao tempo.