PAIXÃO OUTONIANA
Ah, não basta inventar
Tecer a teu respeito e fantasiar-se
Não basta uma figura mítica, irreal
ou fugida do sonho tresloucado
de um poeta surreal.
És apenas uma mulher
dotada de boca, dois seios, coxas, nádegas e etc.
Não basta ter-te
inalcançável em sonho.
Eis-te aqui ao rés do chão.
Não basta tua beleza e não viver o instante
Não basta teu olhar alucinante
Teu nome, mulher ignota
Não quereria apenas teu nome
Mas um lirismo de desejo permanente.
Queria te ter nos meus braços de homem
E assim ergueremos a única ponte que une todos os vazios.