O VIVER NÃO ESPERA
Vento ventania (correria)!
Já é claro, já é dia!
Corro pela avenida,
que é desprovida
de sonho e de fantasia!
Avenida descolorida,
vida dolorida,
ainda sou mais eu,
tenho ainda vida,
pois a dor se rendeu!
Tal qual menino,
sigo meu destino,
corro, é minha vez!
A rua está nua
e com languidez!
Quando se perde a dor
(é da vida um direito)
ganha-se tanto vigor,
que não cabe direito
no peito, tanto é o ardor!
Ganhei a alegria,
rasguei a fantasia!
Troquei a quimera
da noite pro dia!
O viver não espera!
Botucatu, 05/05/1985