Como se chocolates recheados
Buque de rosas escarlates
Sonetos geometricamente calculados
Conjugasse o verbo amar
Verdadeiramente
Como se uma canção
Fragmentos de um poema
E um telefonema demorado
Estaríamos enamorados
Loucos de paixão
Como se um passeio a beira-mar
Tomando sorvetes de maracujá
Comendo pedaços de estrelas
Jantando a luz de velas
Do Mucuripe
Macarronada ao dente com manjericão
Fosse uma paixão ardente
Que durasse eternamente
Como se dois cálices de cristais
Se tocassem sutilmente
Orvalhados de uvas machucadas
De uma safra qualquer
Envelhecidas pelo calendário
Em tonéis adormecidos em porões
Repletos de fungos
Lâmpadas de filamentos gélidos
E fantasmas
Brindados comungados com braços
Entrelaçados
Como se despetalando um mal-me-quer
O amor estaria na última pétala
E determinasse o destino
Dos nossos corações antagônicos
Que nem se conhecem
E pudéssemos conjugar o verbo amar
No tempo certo
E que amor fosse um desejo a flor
Da pele
E que não fosse acabar
Quando a efêmera luz da vela
Apagar.
Luiz Alfredo - poeta