FERA FERIDA
Sobre meus instintos explorados
pelo faro de meu ritmo descompassado
vou saindo de mim...
Vou deixando pegadas de medos
sobre os limosos pedregulhos dos segredos.
Meus olhos chispam reflexos de influências,
minhas narinas dilatam e arrebatam incoerências.
Sou fera aprisionada por muralhas;
subo lânguida no dorso
de minha consciência
e investigo a ironia da tua ausência;
estremeço levemente ante o sórdido
que se espalha diante do que não vejo
e minha cupidez por ti soa cruel,
inundando de furia o opaco do meu céu.
Estico-me, espreguiço-me
lambendo minhas feridas;
perco o tino e agrido a forma
suplantando o precioso tempo
que absolve a ternura.
Sou resquício de um anjo
que se transformou
em infinito desejo,
totalmente radical,
imposta pela libido que almejo,
ameaçante e fatal.