FERA FERIDA

Sobre meus instintos explorados

pelo faro de meu ritmo descompassado

vou saindo de mim...

Vou deixando pegadas de medos

sobre os limosos pedregulhos dos segredos.

Meus olhos chispam reflexos de influências,

minhas narinas dilatam e arrebatam incoerências.

Sou fera aprisionada por muralhas;

subo lânguida no dorso

de minha consciência

e investigo a ironia da tua ausência;

estremeço levemente ante o sórdido

que se espalha diante do que não vejo

e minha cupidez por ti soa cruel,

inundando de furia o opaco do meu céu.

Estico-me, espreguiço-me

lambendo minhas feridas;

perco o tino e agrido a forma

suplantando o precioso tempo

que absolve a ternura.

Sou resquício de um anjo

que se transformou

em infinito desejo,

totalmente radical,

imposta pela libido que almejo,

ameaçante e fatal.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 02/04/2007
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