Desenho: JB Xavier
O NAVEGANTE
JB Xavier
Fui navegante ousado,
E ousando,
Avancei nos limites
Que impuseste a ti mesma.
Trouxe-te a luz.
Em teu mar de recifes pontiagudos,
Serpenteei perigosamente,
Aprofundando o sonho
E a vontade
De compreender teu universo.
Navegando em tuas vontades,
Cheguei ao ponto sem volta,
Lá
Onde nem tu mesma ousaras ir.
Mas fui além.
Atravessei
Teus horizontes mais distantes,
Transformei
Em eternidades teus instantes
E, avançando ainda,
Beijei teus sonhos mais secretos.
Acariciei teus devaneios
E te descobri um pouco mais.
Navegando em tuas águas revoltas,
Deixei as amarras soltas,
Para que meu barco navegasse
À fúria de tuas tempestades.
Teus ventos tonitruantes
Açoitaram meus velames,
E os deuses desse oceano bravio
Conspiraram todos contra ti.
E segui navegando
Pelas cristas espumantes
De tuas ondas indomadas.
Deixei-me conduzir
Por tua ira interior,
E enquanto avançava
Fui transformando a ira em amor.
Sorvi teus vinhos,
Vasculhei todas as tuas adegas,
E te tive na suave entrega
De um oceano apaziguado.
Velas soltas aos ventos da aventura,
Naveguei por todos os teus lugares,
Cruzei todos os teus mares
E me embebi
No inebriante perfume
Dos teus cabelos.
Em cascata
Eles rolaram suaves por sobre mim.
Lá adiante,
Um horizonte distante
Premoniza a calmaria,
E a luz de um novo dia
Se aproxima calmamente
Trazendo-me suspiros misteriosos.
Sobrevivi à travessia,
E de ousadia em ousadia,
Te resgatei de ti mesma...
* * *