AMOR
Amor, distinto amor...
Transforme a minha consciência negra em plumagem alva de paz.
Mexa com minha alma e dê-me um pouco de sentimentos,
Incontrolável amor bate em meu coração, e me ascende uma cripta;
Mas não me deixe só eternamente no gélido descompromisso.
Amor, intangível, desdenhador. Ri-se do meu talento, ri-se do meu destino.
Mesmo assim eu estarei lá, feliz, morrendo de amar,
Sorrindo a quem me acena e deixando o orgulho me consumir – amei!
Fiz o meu destino e cumpri à risca a que se me dá, amor.
Amor incontrolável, incontrolável amor, deixe-me ver-te e te sentir-me.
Entregarei o meu corpo a ti, despido de roupas ornamentosas e de pudor,
Estou à espera de um ardente e desmedido beijo, ensandecido e incandescente.
Vendo o coito como o rugir de outro amor e não de um passa-tempo animal...
Amor, nupcial, carnal e mundano, celeste santo e profano,
Quero voltar todo dia para o seu calor e acordar envolto em teus abraços.
Isto é amor, não acordar sozinho e sentir a cama um deserto
Longe da felicidade, longe das manhãs de colorido e doce sabor.
Amor, Romântico, esse seu rebarbativo processo de tortura tailandesa
Fez-me revelar-me um incorrigível sonhador e nada mais.
Amor, a prerrogativa que se me dá não é nada mais que uma herança de rei.
O rei do reino das sombras e dos sonhos, intangíveis...
Amor, concupiscente e delicado amor, nosso altivo olhar
Tem o poder de amar a imagem do espelho quando não tem
Acusadores sobre o nosso ombro. Na ausência deles...
Que reflexo mais lindo tem esse espelho!?!
Amor, conjugal, lascivo, Santo Célico e maculador,
Espero volver completo a tempo de abrir os olhos submersos em teus amplexos.
Isto é dedicação, não acertar somente e em seguida sentir a tálamo solitário.
Bem longe da beleza, além das madrugada de cambiante e doce desejo.
Amor, renuncio – se preciso for – a essa história construída e ornada.
Para o olhar invejado dos nobres e ditosos escritores do país.
Nosso amor não está nas escrituras nem canções dos cantadores, não está...
Nosso amor é mais belo e instiga cuidados esmerados com ele.
Por Paulo Siuves