A SUAVE COLHEITA

Onde? Não sei. Porque? Não sei. Mas como? Quando?

- Eu disse nada sei.

Sei apenas que, enquanto delirava amando,

nunca soube que amei.

Nunca! Que me importava? Era muito...Entretanto, cheguei mesmo

a supor que para amá-la assim, que para amá-la tanto

não bastava um amor.

Era preciso mais: que esse amor fosse eterno,

que espedaçasse o véu que esconde a eternidade e inventasse um inferno,

ou descobrisse o céu.

Um inferno? - Ainda bem: a dor seria doce...

Um céu? - Tanto melhor. Amá-la-ia mais....Como se o amor não fosse um céu ainda melhor!

Quis perdoa-la, esquece-la...E vi que me faltava força para querer:

Eu amava demais para perdoar, amava demais para esquecer!

Quis odiar-me, tentei odiar-me sem clemência, detestar-me....

Porém, amei-me, idolatrei a minha própria essência que era a dela também.

E, amando a mim mesmo, amando-a em mim, eu devo hoje em dia contar,

nas rugas do meu rosto e nas canções que escrevo,

a delícia de amar!

Guilherme de Almeida
Enviado por itapira em 19/06/2013
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