A SUAVE COLHEITA
Onde? Não sei. Porque? Não sei. Mas como? Quando?
- Eu disse nada sei.
Sei apenas que, enquanto delirava amando,
nunca soube que amei.
Nunca! Que me importava? Era muito...Entretanto, cheguei mesmo
a supor que para amá-la assim, que para amá-la tanto
não bastava um amor.
Era preciso mais: que esse amor fosse eterno,
que espedaçasse o véu que esconde a eternidade e inventasse um inferno,
ou descobrisse o céu.
Um inferno? - Ainda bem: a dor seria doce...
Um céu? - Tanto melhor. Amá-la-ia mais....Como se o amor não fosse um céu ainda melhor!
Quis perdoa-la, esquece-la...E vi que me faltava força para querer:
Eu amava demais para perdoar, amava demais para esquecer!
Quis odiar-me, tentei odiar-me sem clemência, detestar-me....
Porém, amei-me, idolatrei a minha própria essência que era a dela também.
E, amando a mim mesmo, amando-a em mim, eu devo hoje em dia contar,
nas rugas do meu rosto e nas canções que escrevo,
a delícia de amar!