MEU CANTO

Aquela noite,

poderia ter sido

apenas mais uma noite.

O meu jeito de seduzir,

de te pedir para fazer amor comigo

poderia não ter te encantado.

E seríamos como nuvens passageiras,

como castelos de areias levados pelo mar,

ou redemoinhos que não deixam saudades

depois que é passada a ventania.

Mas, as noites foram pedindo,

por outras noites.

A sedução se fez paixão

e no coração brotou

um amor imenso.

E vieram

os dias,

os meses,

os anos.

Os anos se transformaram

em década,

que agora já pedem

por outra década.

Trocamos as nuvens passageiras

pelo amor e a paixão.

Os castelos de areias,

pelos desejos e carências.

Dos redemoinhos de saudades

nasceram versos e rimas.

O cantor

e a musa.

Consumidos pelas chamas

de um mesmo desejo.

Pela doçura

de um mesmo beijo.

Pelo calor

de um mesmo abraço.

Pelo êxtase

de um mesmo orgasmo.

Viajamos juntos no dorso

do mesmo unicórnio alado.

Você é bailarina,

imã,

teoremas,

mosaicos,

pinturas,

e sabores.

Você é volúpia

de um jardim secreto,

transcendência loucamente lúcida,

chuvas,

estrelas e cavalgadas.

Sou apaixonado,

pelo teu corpo em relevo

debaixo do edredom,

Sou apaixonado por você

apenas comendo pipocas

na matinê.

Somos extensão

de um mesmo corpo,

benquerer e flor de Lizz.

Meu canto é todo teu,

meu canto

meu eu.