Mar de Fogo
Dormia com o balanço
do mar, seu descanso.
E sonhava a luz da lua.
Segura, escorava o corpo
na madeira talhada
de uma velha canoa.
Na praia, de branca areia
á vista uma rede.
Na parede, uma sereia.
Do coco, matava a sede.
No céu, a lua cheia.
O corpo cheirando homem.
A alma, gozando inteira.
Quando a maré cedia calma,
voltava a si e remava
de volta ao balanço,
rogando por descanso.
Na inquietude de um mar,
na plenitude de amar,
sonhando agitada
se viu acordada
no enredo de um sonho
que não tinha sonhado.
Um oceano se rendia
aos encantos da mulher da água.
Mas o que não se esperava,
o caçador, que a ninguém amava,
cativou-a com seus olhos de fogo.
Em dois corpos, fogueira de ondas.
Duas almas, chamas d’água.