" Nossa História de Amor "
" Nossa História de Amor "
Aos vinte e um anos
nas férias em fevereiro
viajei para a Bahia, terra do meu Pai
fui conhecer a cidade de Juazeiro.
Visitando parentes,fazendo amizades
gostei do ambiente e da hospitalidade
pessoas bem simples humilde,com muita bondade.
Me convidaram pra jogar futebol
uma inesquecível partida,muita alegria
na volta cansado,eu e um amigo
que viria ser cunhado meu um dia
paramos na casa da Dona Maria
vizinha da minha Querida Tia.
Lá reunidos vizinhos e a família
sentados ao redor do terreiro
estava também uma Moça Morena
me apresentei,com um sorriso meio que faceiro
Pedi a Dona da casa a luz do candeeiro
queria ver aquele rosto tão lindo por inteiro.
E nos olhos da Morena
estava aceso os meus
agora não mais no breu
pois tinha a luz dos olhos seus.
Heloisa seu belo nome
Tão suave como o entardecer
é a cor da sua pele
Morena que me fez enternecer.
Nos conhecemos melhor
e logo estávamos namorando
escondido dos seus Pais,com ajuda
da sua cunhada,íamos nos encontrando.
E o nosso primeiro beijo
naquele cantinho do terreiro
onde nem a lua clareava
foi na sombra de um Juazeiro
antes de selarmos nossos lábios
assoprei suavemente o candeeiro
fechei meus olhos e recebi
o doce amor verdadeiro.
Até que um dia,decidi pedir a sua mão
falar com seu Pai,selar essa união
-Sr.Jaime...vim aqui lhe dizer
gosto muito da sua filha e é de coração
estamos apaixonados,quero um namoro sério
para isso preciso da sua autorização.
Sem saber mais o que falar
esperei pela resposta,com as pernas a tremer
Sr.Jaime então disse:-Gostei do seu jeito
tu foi Cabra Macho,sem arrodeio veio a dizer
eu aceito seu pedido,Heloisa pode ser seu bem querer.
Mas imponho uma condição
não quero namoro o dia inteiro
nem minha filha pelo escuro
pra namorar,tem que ser aqui,sob a luz do candeeiro.
Ao término das minhas férias
chorei na hora da despedida
prometi voltar em breve
aos braços da minha Querida.
E assim ficamos um ano
sem nos ver,mas por amor e persistência
aprendi a expressar meus sentimentos
em cartas de correspondência.
Ah,e quando a saudade apertava
pegava suas cartas e relia
sonhava em vê-la de novo
olhando sua linda fotografia.
Cheguei até a sentir ciúmes
do carteiro,em entregar meus versos
eram três ou quatro cartinhas por mês
com poemas de autores diversos.
E ao final do ano
pura ansiedade para viajar
quarenta e duas horas de ônibus
louco para chegar.
Enfim na casa da minha Prima
não via a hora de te reencontrar
matar a saudade danada
e no enlaço do meu abraço te beijar.
Juramos pelo eterno amor
nosso romance sagrado
convidamos parentes,amigos amados
para testemunhar nosso noivado.
Nosso namoro gostoso
em meio as plantações
melancias,mangas e melões
adocicando nossos corações.
Ficávamos em cima da árvore
num pé de uma velha mangueira
entre mangas e beijos,a imagem
do rio São Francisco,águas limpas passageiras.
E nem percebemos
logo minhas férias terminaram
a dor da despedida foi mais forte
momentos felizes,na lembrança ficaram.
Trazia apenas a esperança,de tudo se ajeitar
agora era hora de iniciar o lar
voltei focado em comprar os móveis
nossa casa,começar aos poucos montar
Meu Pai desocupou a casa
que estava a tempo alugada
e me disse:-Pegue as chaves
meu Filho,e faça sua morada.
e foram meses de labuta árdua
misturado a saudade e a preocupação
com a ajuda da minha Mãe,na escolha
compramos na base da prestação.
Sempre lhe informava
do que tinha adquirido
móveis do quarto,da sala
cozinha,já havia recebido.
E a Saudade maltratava
quase não conseguia escrever
quantas noites,passei em branco
pensando,como vai ser...
morarmos juntos na casinha
pequenina,só Eu e Você ?
Deus parece ter apressado o tempo
amenizou minha agonia
essa dor,de estar longe de ti
agora faltavam poucos dias.
Dia da viagem
um frio na barriga
Eu e meus Pais
pronto para a partida.
ônibus na estrada
eu viajando no tempo
acelerando o momento
sonhando com o casamento.
Ao desembarcarmos na rodoviária
olhei para o ônibus,como se estivesse agradecendo
enfim....chegamos missão cumprida
o dia estava amanhecendo.
Fui rever a minha amada
corri até a cancela,e parei em frente
destravei a tramela,e o seu nome gritei:
-Heloisa meu amor...agora juntos para sempre.
Você veio correndo ao meu encontro
nos abraçamos feitos loucos
entre beijos,lágrimas e abraços
rodopiamos até ficarmos tontos.
Finalmente a sensação de eternidade
adeus triste insônia,adeus saudade
adeus longa agonia de distancia
agora é o nosso amor posto em liberdade.
Pensei que o ultimo obstáculo
fosse superado,fomos apressar o casório
convidamos os padrinhos,para serem
testemunhas no cartório.
Mais um impasse,incrível
para eles me averiguarem
pois sou de São Paulo,levaria
trinta dias,para os papeis retornarem.
Decidi então ficar,só saio
daqui da Bahia,quando casar
leve o tempo que levar
do meu amor,nunca mais irei me afastar.
Meu Irmão,em São Paulo
foi resolver,e deu andamentos
conseguiu bem mais rápido,enviou-me
em carta registrada,os documentos.
E no dia 13 de Janeiro de 1.986
Deus nos abençoou,casamos finalmente
quebramos todas as barreiras
para unir esse amor eternamente.
A festa bem simples
apenas parentes e amigos vizinhos
estávamos emocionados,não víamos
a hora de irmos para o nosso cantinho.
Ficamos ainda mais de um mês
Na casa dos seu Pais
muita alegria,carinho
nosso amor transmitindo Paz.
Chegaste o grande dia
vinhamos embora,Sampa nos espera
viagem que se inicia,como dois pombinhos
nos despedimos de todos,pela janela.
Curtíamos as paisagens
as montanhas,num verde maravilhado
ao longe,os gados pareciam sorrir
a vida estava arco iris,com meu amor do lado
Colocamos os pés em Sampa
quem diria...que essa harmonia
desse romance,fosse vencer tantas batalhas
superou de más línguas,a dolorida distancia
atropelou todos os obstáculos
se fortaleceu na doce magia
do amor que Deus abençoou um dia.
Nilton Cabeça.