NOITE E AMOR
vela de estai,
soprada num vento de delicadeza
contra a feroz correnteza
do mundo de desamor.
contra a rudeza
do mar frio e reticulado
das lajotas cerâmicas
desd'o temeroso Além-quarto.
não há referencial
no meio da imensidão branca.
e, volta e meia,
florões e árvores anãs.
dois dados de aço:
nossa esfera armilar.
-avante! a todo sono!
e chegaremos ao sonhar...
limbo augusto da noite,
mais precisa cor-de-nada.
respigos de açoite
manhã de toalhas molhadas
toque de batalha naval:
perigosa dinastia samsung!
firmes adentramos o temporal
de seguir o rumo de cada um.
[tanta coisa chata,
tanta coisa triste,
e no colchão no meio da sala
a beleza ainda existe.]