Pingado
É fácil demais o amor com você.
É no menor do pormenor
Em cada setembro.
É um pingado no canto da xícara
Fingindo esmaecer
E turvando de borra toda brancura.
Ínfimo, irrealizável
Mas de aroma inconfundível
Difícil é o amor sempre servido
à cama, prostrado.
Esse que obviamente chegou no fim.
Que todo dia beija com boca
A mulher só linda
E prepara o café
E está sempre de pé.
O amor fácil é abundante
na presença que cria
a conta-gota.
É esse tão de longe
Inventado e descoberto
De tristeza e saudade
No descomeço.