UM POEMA
Desejo um poema instigantemente intrigante
Uma poética construtivista, mas em si abstrata
Onde haja apenas rimas de sonoridade surrealistas
Que contenha uma métrica totalmente psicodélica
Um poema que transborda, mas não pinta nem borda
Onde contenha imagens irreversíveis em cores invisíveis
Com palavras de um lirismo voraz em minha cosmovisão
Um poema consubstanciado por uma densa sensibilidade
Que seja ininteligível aos que o lêem em sua superficialidade
Pois desejo um poema como um caleidoscópio lingüístico
Inusitado em seu frescor inconscientemente melancólico
Que penetre sensorialmente, mas sem ser em nada sucinto
Que adentre todo o estupor de minhas expressividades
Um poema que silencie toda a sua própria exuberância
Que aplaine todo o relevo de sua tenra insaciabilidade
E fique permanentemente no imo de vívida memória
Desejo um poema com todo vigor das reais contrariedades
Como a saga de uma história contada pelo etéreo silêncio
O adendo de todas as palavras que denotem sentimentos
Um poema que ecoe e sobreviva á toda abissal distância
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