Impossível amor
A luz do sol rasgou o hímen
Da santa noite escura
Que sangra de felicidade,
Dando a luz a um novo dia.
Ela, tão feliz que perde o sono.
Ele, num abandono febril
De labores sem tréguas,
Esquece o etéreo, o sublime,
O suave langor das poesias
E se entrega à labuta;
Procura um sustentáculo;
Conhece bem sua brevidade
Sem parco espaço de tempo
E os seres que se acotovelam
Em busca de um canto claro.
Noite... Noite...
Quão infeliz é tua sina,
Entre sombras e assombrações
Sereias, duendes, fadas,
Serenatas, fantasmas e serões;
Nunca vês de perto o teu amor.
Na solicitude da penumbra
Vislumbras ao longe o clarão,
Porém, no auge da luz,
És obrigada a fugir para o seio
Dos reinos abissais
Até que a tarde venha
E traga novas esperanças.
Esperanças vãs de noite condenada
A não ver o rosto da pessoa amada.
Não tem doze de junho
Não tem nada.
Só dois de novembro no doze.
Os seres serenos
E iluminados te enfeitam suas
Pequenas luzes dos reinos profundos
E mundos nunca vistos.
E a minha poesia agradece.