O pescador
E nos mares de minha realeza
O meu querer seu é afluente,
Ardendo o doce sal de meu oceano.
Singrando o saveiro desencontrado,
Lanço minha rede e recolho incansável,
Varrendo as águas de meu desejo,
Cacimbando meus ais de capitão.
Escovo o mar com meu remo presto
E arrasto redemoinhos para a popa,
Vigoroso neste navegar à sua procura.
Monstros marinhos seguem minha nau
Que desemboca na foz de meus lamentos.
Outra noite de redes lançadas em vão!
Mas caiçara que se preze é assim:
Alimenta novos sonhos na calada da noite
E quando o dia nasce cigano,
Às águas claras retorna revigorado,
Trazendo seu barco nos dentes.
Ciranda de silêncio e de sal!
(PAULO PAZZ)