O pescador

E nos mares de minha realeza

O meu querer seu é afluente,

Ardendo o doce sal de meu oceano.

Singrando o saveiro desencontrado,

Lanço minha rede e recolho incansável,

Varrendo as águas de meu desejo,

Cacimbando meus ais de capitão.

Escovo o mar com meu remo presto

E arrasto redemoinhos para a popa,

Vigoroso neste navegar à sua procura.

Monstros marinhos seguem minha nau

Que desemboca na foz de meus lamentos.

Outra noite de redes lançadas em vão!

Mas caiçara que se preze é assim:

Alimenta novos sonhos na calada da noite

E quando o dia nasce cigano,

Às águas claras retorna revigorado,

Trazendo seu barco nos dentes.

Ciranda de silêncio e de sal!

(PAULO PAZZ)

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 11/06/2013
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