AMOR QUE MORREU SEM TER NASCIDO
Vou me fechar, ou melhor pedir para alguém
fechar-me em uma garrafa e como ato
final, que me jogue na massa de água salgada
para que eu continue flutuando agora, no mar...
Basta ser jogado de um lado para outro sem esperanças, basta ficar tonto por injunção,
chega de ser um idiota, um ingênuo exposto à curiosidade de grupos de pessoas mais inteligentes...
Não desejo que me encontrem, para que
não haja indagações nem devassa
da minha vida nem de meus atos, desejo
ser independente ainda que preso dentro de uma garrafa.
Também não quero mais que saibam se meu
sorriso é por felicidade ou se choro por sofrimento, se amo se deixo de amar, se sonho em uma cama repleta de paz ou se durmo com uma quantidade exagerada de travesseiros...
Vou sair navegar sem rumo predefinido,
conhecer novas paragens, tentar encontrar
flores exuberantes como os lírios-do-vale e ter em mente conquistar um horizonte que seja pintado de novo.
Chega de me iludir, chega de conviver com
mentiras, chega me expor tentando construir castelos para acomodar em cada espaço somente fantasmas, chega de viver rodeado de aparências...
Não quero mais sair deixando minhas pegadas
como se fosse um ladrão, nunca mais quero ser um gaiato para depois me tornar a peça principal de muitas troças...
Malvado o amor que morreu sem ter nascido!