Esperança
Quando por entre as paredes brancas
barradas deste silêncio leite,
deste silêncio-morte,
mergulho no abismo da Solidão,
e apenas o eco me trás palavras-facas…
O coração teima em acalentar
esperanças vãs ...
de doces manhãs, de Primavera...
Quando
o Silêncio se transforma
em dor… dor imensa,
que num repente, solta da amurada
esta corrente – água salgada, este vale de lágrimas …
A esperança,
essa louca criança, teima em pintar d'estrelas
o céu.
A esperança,
insana menina, borda a ponto pé-de-flor,
a ponto cheio, a matiz, uma aguarela d’amor ...
Quando, meu querido,
parece que nada mais faz sentido,
que tudo está definitivamente perdido,
vem uma borboleta, numa leve pirueta,
beijar a minha mão, gesto secreto de dizer:
- Não desistas, eu estou aqui!...
Espera por mim ...
Preciso acreditar...
Preciso de aceitar...
Não sabia conjugar o verbo amar...
Tens que mo ensinar...
Reajusto os ponteiros, consulto os astros,
equaciono o binómio tempo-solidão
E decido que posso esperar...
um pouco mais ...mais além ...