Esperança

Quando por entre as paredes brancas

barradas deste silêncio leite,

deste silêncio-morte,

mergulho no abismo da Solidão,

e apenas o eco me trás palavras-facas…

O coração teima em acalentar

esperanças vãs ...

de doces manhãs, de Primavera...

Quando

o Silêncio se transforma

em dor… dor imensa,

que num repente, solta da amurada

esta corrente – água salgada, este vale de lágrimas …

A esperança,

essa louca criança, teima em pintar d'estrelas

o céu.

A esperança,

insana menina, borda a ponto pé-de-flor,

a ponto cheio, a matiz, uma aguarela d’amor ...

Quando, meu querido,

parece que nada mais faz sentido,

que tudo está definitivamente perdido,

vem uma borboleta, numa leve pirueta,

beijar a minha mão, gesto secreto de dizer:

- Não desistas, eu estou aqui!...

Espera por mim ...

Preciso acreditar...

Preciso de aceitar...

Não sabia conjugar o verbo amar...

Tens que mo ensinar...

Reajusto os ponteiros, consulto os astros,

equaciono o binómio tempo-solidão

E decido que posso esperar...

um pouco mais ...mais além ...

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 01/04/2007
Código do texto: T433488
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