Tão Eu
Sozinho no cio.
Na noite solícita e solitária...
Eu me embebedo,
Me como,
Me abuso,
Me uso,
Me sujo
E me cuspo;
Usurpo.
Me umedeço, me exito,
Me explico que amo,
Mas desprezo.
Me chamo e nada quero.
Brigo comigo,
Me castigo, xingo,
Me obrigo.
Me falo, me calo
E calado fico.
Me drogo, me trago, me digo:
Mais um trago?
Mais um pouco?
Mais um copo?
Me soco,
Me coloco,
Me enlouqueço, fico louco.
Me finjo de morto.
A morte cega me pega.
Incerta que é, me leva depressa...
Pr'onde? Pra vida.
Se é bonita? Nem de perto.
Me lembro do peito, do leito,
Do leite morno,
Do afago materno,
Do abraço paterno.
Sinto medo do escuro,
Do fogo,
Do rosto escondido.
Fico perdido,
Me sinto sozinho.
No cio.
Na noite solícita e solitária...
Aí eu me embebedo,
Me como,
Me abuso,
Me uso,
Me sujo,
Me cuspo
E me assusto com
O interno desse homem
Tão eu.