CANÇÃO NOTURNA

A despeito do amor que me sufoca,

Invoco seu nome enlatado na garganta.

Neste desovar de vogais reencontradas,

Desfaço o dique frágil do meu pranto.

Do meio termo que sou sem você,

Sou metade de tudo do que não sou

E se acaso me toca o silêncio depois

Canto à noite que de mim se debulhou.

Entre as notas dissonantes que se fizerem,

De agora em diante será sempre assim:

Comerei a aridez de minha própria carne

Para sorver o que há de você em mim.

Coagularei meu sangue em vinhas estrangeiras

Comungando o espírito da aventura,

Reeditando meus verbos em outras rimas,

Buscando nelas o viço das coisas suas.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 08/06/2013
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