DESDE SEMPRE FOI SAUDADE
passei por fogos carrancudos e escrituras,
posse e propriedade das mentiras sinceras
dos relacionamentos interesseiros
e com afinco negados
a política da face desvirtua a verdade,
cambalachos da carne vendida
no abre-coxas do convencimento,
cinicamente jogado na calçada das utilidades partidas
a sorte jaz na borra do café,
pinceladas de genialidade no amanhecer
revelam quem esteve aqui
e deixou na beleza o cachê
é preciso olhar ao lado
porque na frente nunca é dentro de si
restantes os dedos cortados dos idiotas
a contagem da confiança
termina no ventre dos cães
daí a solidão do uivo
muito mais do que tristeza uma presença
aonde no fim do mundo vigora
o lampião sobre o que sendo amor
desde sempre foi saudade