ODE AO DESCONHECIDO


Ah! Que pensamentos têm povoado as mentes?
Pensamentos de desejo,
de permissão,
de consentimento
ardor, amor...
Como pode o coração querer,
desejar estar apaixonado
como que por si mesmo,
projetando-se em outro ser
sem permissão mútua?
Carregas na tua mente a mentira,
silenciosa e moldada na harmonia,
a qual somente em ti vive como que verdadeira.
Carregas em ti sentimentos adormecidos,
esmaecidos  ao longo da tua vida,
e,  tu necessitas deles para saber-te vivo.
É lirismo
é poesia,
é Maya.
Ah, se pudesse ser verdade
a verdade que somente em ti habita...
Tu me vês e eu não sei quem és.
Penso: que sentimentos povoam esse homem?
Qual cor tua tez encarnará
nos teus telúricos ardores?
E teus olhos serão como os de Teseu,
que espera de Ariadne o cordão
condutor à liberdade?
E tuas poesias a mim devotadas,
acaso não seriam fruto da tua latente solidão?
Inoportuna essa situação.
Tu tens um rosto para mirar,
e eu, que sei de ti?
E se soubesse, algo mudaria em mim? 
Não creio.
Esse coração de homem-menino,
que se lança em busca de paixão
e que, em delírios, pensa ter encontrado
- na larga distância entre o real e o idealizado -
o verdadeiro amor do teu imaginário
é mera ilusão de escritor.
Então, poeta, ser tua musa não posso,
embora que me seja lisonja o teu querer
e não haja pecado em amar 
ou em pensamento almejar tocar,
não me cabe esse papel.
Dionísio achou-me muito antes de ti,
e tu não és Teseu.
Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 31/03/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T432855
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