A ESPERA

Quando chegar: Abra a porta

Não esbarre a pobre campainha

Não desespere minha calçada ou

afie seus passos, até então mansinhos

Quando chegar não se preocupe

Já há tempos estarei lá

No recôndito escuro bem abaixo das janelas

No encalço daquele cantinho que nem sequer ocupa espaços

Na sombra, na memória, no escurinho

No menor dos menores lugares, aquele que você ainda tem para alugar

Ou talvez, quem sabe, me emprestar

para que eu possa ficar sua inquilina então te clamo vivaz:

Posso ficar aqui meu coração?

Quando chegar não gaste seu tempo

Preocupando com a espera

Não se acanhe com as janelas fechadas

Ou tenha medo do barulho da fechadura

O que se fecha protege para que poucas coisas entrem

E me escondo de tudo que me amedronta,

de tudo que não seja ou não tenha a pura forma de VOCÊ

Quando voltar use a chave que lhe dei

E CUIDADO, NÃO PERCA

É... que não guardei a cópia

preferi o escuro do pleno cuidado dispensado por você

que a incerteza de um assalto ou um ingênuo descuido que me faça perder o acesso ao que não mais é meu...

Quando voltar

não tenha medo mais ninguém há de encontrar

que não um pedaço perdido e saudoso de você mesmo

Aos cantos inquieta por te ver...

Quando voltar saiba

De longe já soube eu daquilo que ouço

dos passos descompassados pela calma do encontro

ou da euforia trêmula que meu peito não guarda

em calma e harmonia

Quando voltar não se assuste

Nada mais além de alguém há que se encontre

Alguém ausente de si mesmo

Afinal, como posso achar-me se

ausente você está de mim?

E enfim, quando voltar, não se assuste

Ao me ver há de reconhecer,

mais uma vez, um pequeno pedaço

APENAS DE VOCÊ

Danielle Rodrigues Guimarães
Enviado por Danielle Rodrigues Guimarães em 06/06/2013
Código do texto: T4327493
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