Diálogo acerca do Amor

O jovem escreve:

Neste dia, logrado pelas tantas

Infâmias de meu clamor – Teu calor.

Corrompido pelo negro destas tramas.

Pergunto-me, por que amor?

Onde estava ele quando o homem chorou

O tanto que lhe permitia chorar,

Sobre o vestido da mulher que o deixou

Quando este foi pela pátria lutar?

Onde estava ele quando a moça olhou

Às estrelas, distantes acolá,

Onde estava ele quando ela orou,

A um deus que não estava lá?

É farsa! Maldita Górgona do Criador,

Esfaqueia o homem, pobre sofredor.

E o Amor deste que tu atiça e aprisiona;

É canção de sereia que encanta e amaldiçoa.

Choro pelo peso que és essa mentira

Sinto como hei de sentir — tamanha dor!

Sonho é pesadelo que me destruíra.

E pela janela, o céu não tem mais cor.

Apenas restou-me um jardim sem flor

E as lágrimas de um jovem e seu calor.

A menina lá da rua, que me deixou,

Deixou saudade e meu amor levou.

O velho responde: