Primeiras nuvens
Quando as primeiras
nuvens saírem,
já dourada estará a manhã,
abertas as flores, quente o sol.
Então eu não mais te amarei.
Não como antes, daquele amor
ofegante que deixava o
meu coração preso a grilhões.
O tempo será manso, assim
como meu sentimento por ti.
Não haverá mais o desespero
da espera, a angústia da partida.
Eu estarei em paz
e não mais verterei
lágrimas por ti.
O teu sangue, então,
já não correrá mais
em minhas veias, feito
a lava quente
da paixão que me consumia.
Haverá em mim a
tranquilidade do poente
quando o sol desmaia,
sutilmente, no mar.
Poderei ouvir canções
de Chico sem me desesperar.
Estarei livre como os
pássaros que visitam
o meu jardim.
Quando as primeiras
nuvens desabrocharem
no céu límpido, não mais sofrerei
por ti.