sonatina para sopros e cordas.

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Sabemos que há o amor

e há a sede

e o sonho

e a noite para escurecer

seus problemas mais doentes,

suas dores mais sentidas.

E há um medo de existir,

de dormir no escuro,

de assombração que é do dia,

da imperfeição de ser,

perder pai e mãe,

de um estalar de dedos e dados

virar um atropelo sísmico.

E há o fato e o verbo.

mentiras (relativas).

verdades (relativas).

a relativa forma

de esquecê-las todas.

há um tédio,

a lua em gêmeos,

o arranha-céu

a garganta arranhada

de malabarismos

Do De Ca Fô Ni Cos

há o mistério

feito dos que sabem da morte,

a dona doida

que atravessou o Tejo

- para aportar, sem medidas, nessa Baía da Guanabara.

E há a notícia que ninguém soube

- a não identificada.

Há o colapso das estrelas.

Nas redes há teias.

Ateias logo fogo nas vestes, nas naus

para não me deixar partir

até a deixa...

Mas há o signo

e há a sinastria.

a arrogância na palavra dura,

na armadura, um frio fino na nuca...

armas de destruição em massa,

massinhas de modelar crianças...

só por hoje,

só por hoje estender os braços...

E há a permanência, a insistência

- sem anistia da espera.

Há tantos, tantas!

só por hoje...

Faz... Faz de conta,

escreve, escreve

que há tempos pra escorrer nos travesseiros.

Há um som vindo da janela,

um arranjo de flores,

de velas ao mar,

develas

revelas

desvelas

ao mar ar ar ar ar...

por hoje

só...

ou sopros ou cordas...

Patricia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 04/06/2013
Código do texto: T4324460
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