Iracema (Romance de José de Alencar) - Homenagem ao grande romancista

Iracema contente bela mimosa,

Deitada na rede vivia a sonhar.

Correndo nas matas no meio das flores,

A virgem tão feliz nem sabia chorar.

Nos dias de sol tão mimosa faceira,

Corria a banhar-se nas águas serenas.

Ouvia cantar a graúna a Jandaia

Sorvia o perfume das plantas amenas.

Em longas horas ficava enlevada,

Sonhando com coisas que nunca pensou.

Ouvindo o sussurro das folhas tão verdes

Que susto tão grande! Quem será que chegou?

De onde veio? Que cor diferente de nós!...

Não pode escapar!... Nunca foi tabajara

Os olhos brilhando, fitou deu sorriso

O mesmo que a pouco eu vi? Ou sonhará?

Pegou seu arco, sua flecha atirou,

O sangue desceu nesta tão clara tez...

A mente bem triste e arrependida

Caiu no relance a chorar aos seus pés.

E aquele guerreiro que era tão branco,

Olhando seu porte ficou enlevado.

Fitou os seus olhos, beijou seus cabelos

Foi logo ficando bem apaixonado.

Te quero amado com todas as forças.

Cantarei, cantarei a canção de ninar

É rede macia, velarei seu sono,

Fica adorado, saberei te amar.

Passou a viver no anseio do amor.

Afligiu sua vida que era tão calma!...

Deixou alegria, sorriso infantil

Perturbou a vida, o corpo, a alma.

Martim desligou da sua Iracema.

Sorveu a inocência da índia querida.

Vivia sonhando com jovem tão loura

Olhar parado na ânsia perdida.

Partiu para a luta com seus companheiros,

Ela feliz esperando o herdeiro.

Filho que agora vivia no seu seio.

Seria alegria, amor e guerreiro.

Tristonha sozinha, sentindo saudade,

Na praia deserta ficava a pensar

Na espera do amor, filhinho chegou

Tão lindo! Dormindo a luz do luar.

Iracema meu anjo, sua mãezinha.

Está triste sofrendo agonia, dor.

Quero o prazer de beber seu sorriso

Apertar seu corpinho tão doce de amor.

Abraçada ao infante, pedia a Tupã

Trouxesse o carinho, seu grande Martim

Enterrada na dor, ausência cruel

Começou a chorar, que saudade sem fim.

Muito longe, longe a vista alcançou.

Imagem, miragem, não posso enxergar!

Agarrou o menino, amor materno

Esperando ansiosa guerreiro chegar.

Martim entrando cansado, assustado,

Firmando a esposa nos seus fortes braços.

Beijou seu filho tão calmo sereno,

Iracema sentindo frio, cansaço.

Forças não tenho e nem consigo viver.

Sofri amargura, quero amor para mim.

Esqueceu a paixão e me abandonou,

Será que me ama um pouquinho assim?

Bem tonto no meio de tanta pergunta

Ficou a ouvir com carinho atenção.

Compreendendo que a outra tão loura

Não era mais nada, nem a sua paixão.

Tupã, se eu pudesse faze-la viver,

Roçar a sua boca mil vezes assim!...

Depois foi notando o gelo da morte,

Transformar as nuvens num lindo serafim.

De longe se ouvia a JANDAIA A GEMER,

Uns prantos sofridos que índia fiel

Na triste cabana uma vida findou,

Iracema linda dos lábios de mel.

JOSÉ DE ALENCAR, escrevendo seu romance Iracema falou: "Deixaram vir do mar a raça branca dos guerreiros do fogo, inimigos de Tupã. Os índios ficaram encolhidos como pombas no ninho, quando a serpente se enrosca pelos galhos."

Que bom que alguns evoluídos seres do mundo cuidam das nossas matas. PARABÉNS ! Deus os iluminem.

Beijos carinhosos meus amiguinhos "De toda alma e entendimento" do salmista Davi.

Junia Rios
Enviado por Junia Rios em 03/06/2013
Reeditado em 12/06/2013
Código do texto: T4323406
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