QUANDO O AMOR NOS REVELA
Quem quiser descobrir meus segredos
Não use a lógica nem as faculdades inerentes
Tampouco tente achar respostas nos versos
Pois nem lá, talvez, eu esteja inteiramente
A poesia como sabes, é linguagem figurada
Linguagem dissimulada, que se escamoteia
Dá novos sentidos às palavras, se rebusca
E às vezes, o entendimento todo, desnorteia
Porém se quiseres entender-me plenamente
Melhor seria usar suas mãos e os sentidos
Para caminhar nos vales fundos dentro de mim
Paisagens inóspitas, terrenos desconhecidos
Assim, pelos entreabertos botões da camisa
Sugiro-lhe que deixes penetrar a tua mão
Deslize-a com suavidade e firmeza, detenha-a
Quando enfim, sentires o meu coração
Se notar descompasso.. é a senha que precisas
Para avançar ainda mais fundo no meu espaço
Minha reação pode ser algo inesperado
Talvez um sorriso tímido, talvez um abraço
Não fale! Palavras não são imprescindíveis
È preciso sentir, aja calma e lucidamente
Tente ver o que vai nas planícies dos meus olhos
Sonde o que fala e o que pede a minha mente
Você está no controle, eu espero docemente
Prenda tua ansiedade, segure tua emoção
A suavidade é a grande arma das mulheres
Distribua pelo corpo, o fogo do teu coração
O pulsar sôfrego da respiração alterada
Ai vai a segunda senha, para que avances desiniba
A esta altura, seu domínio será completo
Minhas parcas resistências há muito, vencidas
Já sem poder evitar, o calor dos nossos corpos
Meu peito nos seus tão macios, encosta
Meus braços envoltos em torno do teu corpo
Minhas mãos acariciam levemente, tuas costas
Fiquemos assim, nós dois, como uma só alma
As delicias do namoro, nos esquentando
As faíscas espocando em nossos nervos
Desejos inconfessos, nos queimando
Um beijo, um mar bravio, ondas arrebentam
O amor explode em nossos corpos incontinenti
Um terremoto cortando a terra indefesa
Nossas bocas já se buscam febrilmente
O amor assim rolará na tarde, impunemente
O que acontecerá, há de deixar-me desatento
Meus segredos caídos, espalhados pelo chão
Na mala descomposta dos meus sentimentos
Você vai poder então, ler-me, abrir-me por inteiro
Verás a razão deste silencio e dos versos de dor
Minha alma inteiramente devassada, a lhe revelar
Que o meu segredo.......era apenas falta de amor!