Helena
Essa menina puxa assunto com garçom,
ri alto e bota açúcar no chá com leite.
Enfiou a língua pela minha boca,
enroscou o anel na minha roupa
– agora não me deixa pegar na mão.
Fala sem parar, sorri sem olhar pra quem olha
– ela sabe.
Cortou o cabelo na nuca,
agora dá vontade de beijar bem ali.
Inventa lorotas que até eu suspeito serem reais
em seu desembaraço,
não fosse eu ter visto a história ao contrário.
Não olha quando fala, nem quando ouve
– mas pega pra mirar as pupilas bem negras
nos olhos de gente que se pega distraída.
Da orelha sai o vinco bem respeitado em rubor,
desenhando-lhe as bochechas
- mas só dá pra ver de perfil.
Pagou meu café antes de dizer que sou babaca
e que não dá certo isso de ficar perto.
Disse que gosta de mim porque sou diferente
Que quando tô triste ela é contente
Depois virou pro lado pra ver TV