IDADE DO MEDO
Tem gente que envelhece tão cedo
E bate o pé nas suas convicções,
Não compreende que razão plena da vida
Não terá nem quando chegar aos cem anos.
Tem gente que diz não ter medo,
Pousa na cabeceira de uma cama, cega, rente ao criado mudo,
Pra compor sonhos confusos, que o fazem acordar num susto,
Entre soluços, marejam os olhos, enxuga-os, crente não ser notada,
Por ninguém e encobre todos os seus dias, seus enganos,
com frias mentiras tecem seus planos.
Há entre nuvens um céu pleno de um azul celeste,
Eu ergo meus olhos, que por mim ninguém anteceda,
Eu mesmo faço minha prece.
Eu, homem, diante das minhas fraquezas,
a cada passo que dou, procuro meu refrigério,
No meu semelhante não vejo franqueza,
Há guerras internas também num monastério.
Há maldade na esquina, nos seus olhos e por toda redondeza,
Nas línguas diversas de pura crueza.
Tenho minha vaidade,
Sigo fugindo da verdade,
Não quero ter rugas, pés de galinha,
auxílio pra andar, abandono de minhas básicas necessidades,
Que me acrescente coragem, pois preciso aprender perder os dias.
Eu não quero ter idade,
Só quero respeito ao meu credo.
Eu não compartilho segredo
Eu não quero morrer tão tarde,
Eu não quero viver com medo!