lua e vida

para belalu, uma índia paranava

queria te ver desenhando

uma figura qualquer

queria te ver escrevendo

um texto, uma redação

queria te ver me olhando

com a maior atenção

com esses olhos que admiro

e quero ter sempre em mim

junto com a voz de “ô tio,

vamos brincar no jardim?

e depois tomar o sorvete

que você vai me levar?”

queria se o molinete

com o qual você fosse pescar

e até, se pudesse, uma flor

em que você fosse deixar

um beijo com os lábios vermelhos

que só é você que os tem

queria com você na chuva

correr pra pegar esse trem

que nos levasse pra lua

pra ver qual a vida que tem

a graça maior que a tua

dos olhos assim repuxados

e esse sorriso infantil

que me deixa abilolado

queria o amor de criança

que nunca ganhei de ninguém

Rio, 21/09/2006