O Contraventor e a Agente

Executa-me, estou em dívida permanente de amor.

Se puderes, se for de tua alçada, perdoa-me.

Estou apenas observando uma premissa:

A ninguém deveis nada, a não ser o amor.

Se condenado estou, que sejas tu a citar-me,

De tua mão venha a intimação de cobrança

Se não pago trás tu a carta de penhora.

Porém, continuarei a dever, então, prenda-me.

Dizes tu: "Como poderia condenar-te?

Absolvo-te, pois, de tua dívida"

Grato sou, mas quanto mais pago esta divida

Tanto mais eu fico a dever.

És misericordiosa, mas quanto mais me absolves

Mais preso fico; complicado é este caso de amor,

Temo que, mesmo que livre seja eu,

Quererei teu prisioneiro ficar.

É possível que minha sentença seja mesmo a morte.

Morrerei, portanto, de tanto amor,

Este mesmo, que não cabe em mim.

Então voltas tu a dizer:

"Apesar de misericordiosa, aceito tua dívida declarada eterna"

Eu bem sabia que assim agirias.

Sobre o amor, em tua própria cartilha,

Aquela na qual escreveste tempos atrás,

Onde, como que por sentença me impuseste,

Assim decreta em um trecho que me toca:

" Sua intensidade é tamanha que nos leva

a praticá-lo todos os dias de nossa vida:

Sua durabilidade é incontestável,

visto que sobrevive à morte...

Acompanha-nos aonde quer que possamos ir"

Como ir contra? Como lei, deveria ser absorvido.

A Lei do Amor.

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HBrasil
Enviado por HBrasil em 29/05/2013
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