O Contraventor e a Agente
Executa-me, estou em dívida permanente de amor.
Se puderes, se for de tua alçada, perdoa-me.
Estou apenas observando uma premissa:
A ninguém deveis nada, a não ser o amor.
Se condenado estou, que sejas tu a citar-me,
De tua mão venha a intimação de cobrança
Se não pago trás tu a carta de penhora.
Porém, continuarei a dever, então, prenda-me.
Dizes tu: "Como poderia condenar-te?
Absolvo-te, pois, de tua dívida"
Grato sou, mas quanto mais pago esta divida
Tanto mais eu fico a dever.
És misericordiosa, mas quanto mais me absolves
Mais preso fico; complicado é este caso de amor,
Temo que, mesmo que livre seja eu,
Quererei teu prisioneiro ficar.
É possível que minha sentença seja mesmo a morte.
Morrerei, portanto, de tanto amor,
Este mesmo, que não cabe em mim.
Então voltas tu a dizer:
"Apesar de misericordiosa, aceito tua dívida declarada eterna"
Eu bem sabia que assim agirias.
Sobre o amor, em tua própria cartilha,
Aquela na qual escreveste tempos atrás,
Onde, como que por sentença me impuseste,
Assim decreta em um trecho que me toca:
" Sua intensidade é tamanha que nos leva
a praticá-lo todos os dias de nossa vida:
Sua durabilidade é incontestável,
visto que sobrevive à morte...
Acompanha-nos aonde quer que possamos ir"
Como ir contra? Como lei, deveria ser absorvido.
A Lei do Amor.
http://hbrasilgraph.wix.com/mesadopoeta#!__contraventoreagente