Desejo e Latência

Amanheceu. Pulsão de vida trazendo consigo desejo e latência, este é o sol. Acho que se existisse realmente um Deus, de fato, este seria o sol. Porque ele está presente mesmo estando ausente. Isso é um sinal de inteligência. Ele contribui para a existência, além de combinar com os domingos e as praias. As mulheres ficam mais belas, quando pintadas pelos raios solares. E as praias se enchem de graça com tanta beleza. E todos os desenhos e coloridos. E tantos sorrisos.

Entardeceu. Deus está morto. Sinto frio. Aquele que aquecia meu corpo agora permite que o mesmo morra. Nem o vinho, nem a fogueira dão conta dessa sensação de vazio. Embora possa ver as estrelas e a lua, eu queria o teu calor e a tua fúria, rasgando meu corpo com a delicadeza de um toque. Eu poderia sorrir e caminhar horas na areia da praia. Trocaria o terno e a gravata pelo nu artístico.

Esses dois momentos da natureza, ressaltados por mim através de um ponto, expandiram o universo. Cada raio solar é também uma partícula de amor. Então ao entardecer o amor se desloca para outra parte do mundo, enquanto ficamos esperando pelo seu regresso.

Quando acordamos e caminhamos até a cozinha, tomamos café sempre na companhia do amor, que para mim é o sol, que não é Deus, mas talvez seja uma deusa. Porque as deusas são mais felizes e sabem seduzir os homens. Elas às vezes se transformam em sereias e encantam pescadores, noutras, são mulheres que amamos e nem percebemos de fato suas essências. Além de deixarem um perfume no ar por onde passam.

Estou nu. Completamente. O amor toca meu corpo e aquece-me. Beija-me. Sussurra versos ao meu ouvido. O céu está limpo, sem nenhuma nuvem. Estou deitado na areia da praia. Sinto calor. Não preciso de vinho, nem de fogueira. Porque agora eu tenho o gosto do vinho e o calor do fogo. E todos que me olham se apaixonam. Procuram em mim a felicidade que um dia reconheceram em outros.

Enquanto isso, nos porões fétidos de bares, outras e outros, bebem e lamentam afirmando que o amor não existe. Que é a ilusão dos fracos. Eu diria que eles têm razão, mas que estão embriagados pela mágoa e pelo orgulho. Àqueles que perceberam meus versos como uma possível realidade, como não-fictício, embora pertença à fantasia de meu reino, sejam bem vindos ao melhor ambiente que existe. O amor como uma virtude. Uma ponte entre o real e a imaginação. Onde fomos depositados alguns milhares de anos atrás.

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 26/05/2013
Código do texto: T4310611
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